sábado, 9 de janeiro de 2010

Mesmo com escolaridade, jovens do Mercosul têm difícil acesso ao emprego

Adital -
Apesar de terem maior grau de escolaridade do que seus pais, os jovens da Argentina, do Brasil, Uruguai e Paraguai - nações que compõem o Mercado Comum do Sul, Mercosul - possuem mais dificuldades de inserção no mercado de trabalho. O dado é do Informe sobre Desenvolvimento Humano para o Mercosul 2009-2010 "Inovar para incluir: Jovens e desenvolvimento humano", apresentado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Os mais de 65 milhões de jovens que vivem nesses quatro países "têm projetos, sonhos e grande capacidade para ser protagonistas da mudança e contribuir para o desenvolvimento humano em suas sociedades", diz o documento do Pnud. Entretanto, 60% dos jovens da Argentina, do Brasil e Uruguai estão desempregados, enquanto que no Paraguai esse percentual chega a 70%.

Na Argentina, 22% dos jovens não estudam, nem trabalham. No Brasil, esse percentual é de 19%, sendo que 29% desse grupo encontram-se em atividades econômicas informais. Já no Paraguai, o percentual de jovens que não estudam, nem trabalham chega a 21%, enquanto que no Uruguai, a 18%.

Outro ponto levantado pelo informe é a informalidade, acarretando em problemas previdenciários para os jovens e a sociedade como um todo. Nos quatro países, o número de jovens que não contribui com a seguridade social está acima da média global. O caso mais delicado é o do Paraguai, onde 92% dos jovens entre 20 e 24 anos não contribuem para o sistema previdenciário.

Ainda entre os jovens, as mulheres são minoria no mercado de trabalho, ocupam cargos inferiores e possuem salários abaixo dos que recebem os homens.

O documento ainda acrescenta a alta vulnerabilidade dos jovens latino-americanos a crimes violentos, quadro 30 vezes mais grave do que o vivenciado pela juventude europeia, por exemplo. "Os jovens possuem um sentimento crescente de insegurança unido à maior exposição à violência", complementou o texto.

O caso mais grave de violência está no Brasil, onde 97,2 em cada 100 mil homens jovens morrem assassinados, segundo dados de 2008 da Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse valor é bem mais elevado que a taxa média da população, que é de 26,2 assassinatos em cada 100 mil pessoas.

Segundo o Pnud, os jovens estão se tornando "protagonistas estratégicos" do desenvolvimento humano do Mercosul. Como motivos, o programa apresenta a heterogeneidade social e diversidade cultural, o que possibilita maior sociabilidade e produção de informação através das mudanças tecnológicas e comunicacionais.

Dessa forma, os jovens buscam mais reconhecimento, equidade e participação, "combinando a experiência de seus pais com formas inovadoras de conceber a vida cotidiana", considerou o Pnud. Além disso, apesar de os jovens reconhecerem o problema da insegurança e violência, eles "não renunciam ao uso dos espaços públicos. Buscam gerar estratégias novas de proteção coletiva".

Em 2008, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Argentina a colocou na posição 49, entre os valores de IDH de todos os países do globo. O Uruguai veio em seguida, na posição 50; o Brasil, em 75; e o Paraguai, em 101. O IDH é medido a partir da longevidade e saúde da população nacional, do conhecimento e do acesso a um nível de vida decente.

Para o Pnud, o Estado deve estimular o potencial profissional da juventude. "Superar os aspectos negativos e aproveitar as potencialidades depende, sobretudo, dos próprios jovens, mas também de suas sociedades e de seus Estados, e do enfoque de integração regional que se adote", diz o texto.


Fonte: Adital (matéria publicada em 21/12/09)

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